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“Estou esperando meu filho sair do barro” diz pai vítima da barragem de Brumadinho

Era uma sexta-feira, 25 de janeiro de 2019, por volta às 12h28, se rompeu a Barragem 1 da Mina do Córrego do Feijão em Brumadinho (MG), e além do mar de lama que inundou quilômetros, deixou um rastro de destruição, morte e sofrimento aos que ficam. No final da tarde deste sábado (2), uma semana e um dia após a tragédia, já são 121 mortos confirmados, e 226 desaparecidos, dos mortos, 93 já forma identificados, e os outros corpos estão passando por exames de DNA, para que se chegue a identidade.

As equipes de resgate que têm lutado bravamente para minimizar o sofrimento das famílias, seguem um protocolo que determina que depois de uma semana, as máquinas pesadas podem começar a ser usadas nas buscas, que antes não são usadas porque podem comprometer alguma vítima que esteja viva debaixo de escombros. Depois desse tempo, a possibilidade de encontrar vitimas com vida é muito pequena então as buscas ganham uma dinâmica diferente.

Mas para os familiares, a esperança não morre com o tempo e a ansiedade por uma notícia só aumenta. Alguns relatos, as vezes curtos, mas carregados de uma dor profunda, atingem mesmo que nunca pisou naquela cidade e não conhece ninguém vitimado, não precisa conhecer, somos humanos, sentimos, e como dói. Na foto, o senhor Wilson Francelino Caetano observava a cerimônia de homenagem as vítimas feita em parceria dos bombeiros, comunidade e polícias, ele é pai de o mecânico Luiz Paulo Caetano, de 31 anos, que está entre os desaparecidos.

O rapaz, que tinha acabado de se casar e não era de Brumadinho. Foi chamado pela Vale para trabalhar justamente naquele dia, ele tinha que consertar umas máquinas da mina. Wilson, uma pessoa humilde, sentada em um monte de árvores mortas, disse poucas palavras ao repórter que o abordou, mas foram palavras certeiras que definem muito bem o sentimento que vai restar a muitas famílias. O repórter se aproximou e perguntou se Wilson era morador local, e recebeu a seguinte resposta.

“Não”, disse ele. Depois de um silêncio, emendou.


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