Na quinta-feira que passou (16), o Centro de Referência em Neurodesenvolvimento, Assistência e Reabilitação de Crianças, conhecido como Casa de Apoio Ninar, em São Luís, completou sete anos de funcionamento, contabilizando 704.148 atendimentos, entre consultas, procedimentos de enfermagem, fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia, bem como procedimentos multidisciplinares que auxiliam no desenvolvimento físico, mental e educacional de pacientes, com sessões terapêuticas sensoriais, cognitivas e visuais. As crianças deficientes, especialmente as com microcefalia, que ali chegaram, assim como suas mães, foram acolhidas profissional e humanamente. A Casa Ninar se tornou uma referência e hoje é um espaço consolidado e consagrado no tratamento de crianças com deficiência neurológica.
A Casa de Apoio Ninar poderia ser vista apenas por esse ângulo, e já teria espaço na história dos avanços da saúde no Maranhão. Mas, ao contrário das outras casas de saúde, ela tem um simbolismo político excepcional. O espaço em que funciona foi, até o início de 2016, a badalada Casa de Veraneio dos governadores do Maranhão. Encravada na fronteira entre as praias Ponta D`Areia e São Marcos, tendo hoje à sua frente o Hotel Luzeiros, a mansão, construída em estilo rústico, ganhou fama como refúgio de governador, seus familiares e seus amigos. Foi algumas vezes usada para hospedar visitantes – alguns importantes, outros nem tanto -, e também como espaço em que o chefe do Governo recebia convidados em datas especiais, assim como em confraternizações com a classe política e outros segmentos da sociedade. Foi também mal falada por ter abrigado festas de arromba bancadas pelo erário, e também como abrigo seguro para a tomada de decisões políticas de forte impacto. Foi apontada como um símbolo de desperdício.
Na campanha eleitoral de 2014, para a escolha do sucessor da governadora Roseana Sarney (MDB), o então candidato do PCdoB à governador, Flávio Dino, surpreendeu ao assumir o compromisso de, se eleito, jamais usar a Casa de São Marcos para veranear. À princípio, a ideia foi leiloá-la e usar o recurso em algum programa social. Mas depois, o candidato decidiu transformá-la num espaço de utilidade social, destinado aos necessitados. Houve, em princípio, alguma polêmica sobre a promessa de campanha, além de manifestações de dúvida quanto à seriedade do anunciado. Eleito em outubro de 2014 e empossado na primeira hora de 2015, Flávio Dino foi logo cobrado, tendo algumas cobranças o tom de desafio. Foram dois anos de espera e cobranças eventuais. Nesse período, houve até quem dissesse que tudo continuaria “como antes no quartel de Abrantes”.
