Carlos Brandão pode deixar o PSB, mas decisão
só será tomada depois de uma conversa
com o presidente Lula da Silva.
Os bastidores da política fervilharam ontem diante da possibilidade de o governador Carlos Brandão deixar o Partido Socialista Brasileiro (PSB). Ele se reuniu em Brasília com o presidente nacional da legenda, o deputado federal pernambucano João Campos, mas, ao que tudo indica, nada resolveram. O governador maranhense preferiu definir seu futuro em relação ao PSB depois de conversar com o presidente Lula da Silva (PT), que tem interesse direto tanto na situação partidária do governador quanto nos passos que a agremiação socialista poderá dar no Maranhão. A conversa com Lula da Silva deve ocorrer ainda nesta semana, ou no máximo no início da próxima. Isso porque, a julgar pelos movimentos já em curso visando as eleições do ano que vem, o governador Carlos Brandão quer essa definição com tempo para organizar sua base para as eleições. Se resolver deixar a seara socialista, o governador e seu grupo já tem para onde ir, dando uma guinada para o centro: o MDB.
O governador Carlos Brandão é um político de centro, mas na sua trajetória, ele navegou no centro-esquerda ao longo de dois mandatos de deputado federal na socialdemocracia do PSDB, passou uma temporada no centro-direita, quando esteve no Republicanos, retornou ao ninho dos tucanos e, finalmente, dando outra guinada forte, se converteu à esquerda moderada ao se filiar ao PSB numa dobradinha com o então governador Flávio Dino, que deixou o PCdoB para assumir o controle da agremiação socialista no Maranhão. No partido – ressuscitado na redemocratização pelo líder pernambucano Miguel Arraes, de quem o atual presidente nacional é bisneto -, o governador Carlos Brandão se reelegeu em 2022 em dobradinha com o ex-governador Flávio Dino, que se elegeu senador.
Naquele pleito, o PSB fez e mantém um deputado federal (Duarte Júnior) e 11 deputados estaduais, a começar por Iracema Vale, que saiu das urnas como campeã de votos e conquistou a presidência da Assembleia Legislativa. Nas eleições municipais de 2024, o PSB maranhense elegeu 19 prefeitos e várias dezenas de vereadores.
Ao sair da vida política para retornar à magistratura como ministro da Suprema Corte, Flávio Dino renunciou também à presidência estadual do PSB, que passou a ser presidido pelo governador Carlos Brandão. As divergências e o agora consumado rompimento da ala dinista com a ala brandonista alcançou o PSB. Nesse jogo, o único deputado federal do PSB, Duarte Júnior, tem sinalizado com a intenção de deixar o partido.
Daí vem a celeuma criada em torno do PSB. Se Duarte Júnior migrar para outra legenda – que pode ser o União, o PP ou o Republicanos -, o comando estadual perde força, porque nas regras partidárias atuais, para um partido, um deputado federal vale por uma centena de prefeitos, por exemplo. Nesse ambiente, correu o rumor segundo o qual o deputado Othelino Neto, que está deixando o Solidariedade, bateu às portas do PSB com a proposta de assumir o comando do partido levando um deputado federal – seria Márcio Jerry, que deixaria o PCdoB – e a senadora Ana Paula Lobato, o que fortaleceria a bancada do partido no Senado.
O governador Carlos Brandão não está muito preocupado de deixar o controle do PSB. Ela tem como reserva especial o MDB, hoje sob o comando do seu irmão, Marcus Brandão, e ao qual está filiado o seu candidato a governador, o secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão. O MDB chegou às mãos dos Brandão após uma bem-sucedida negociação com o grupo Sarney, ao qual o governador se aproximou. Formando uma aliança política sólida. O MDB é também um partido com o qual a deputada-presidente Iracema Vale se identifica e não terá nenhum problema de migrar do PSB para as fileiras emedebistas, onde, aliás, já está o seu filho, o prefeito de Barreirinhas Vinícius Vale.
Em resumo: nesse cenário, independentemente de qual seja o destino do PSB, se migrar para o MDB, o governador Carlos Brandão poderá sair com um lucro político robusto.
Repórter tempo