Lula não sabe mais o que fazer para impulsionar sua claudicante popularidade. Já liberou dinheiro para adolescentes (por meio do programa Pé-de-Meia), já fez uma campanha pela soberania brasileira, agora investe na distribuição eleitoreira de botijões de gás para aproximadamente 15,5 milhões de famílias – o governo fala na liberação de 65 milhões de botijões de gás com custos de 5,1 bilhões de reais em pleno ano eleitoral -, mas nada, nada seria tão efetivo quanto uma eventual anistia a Jair Bolsonaro (PL).
Em conversa com ativistas na comunidade Aglomerado da Serra, na periferia de Belo Horizonte (MG), nesta quinta, o petista defendeu uma mobilização contra a anistia a Jair Bolsonaro.
“Outra coisa que nós temos que saber, se for votar no Congresso, nós corremos o risco da anistia. O Congresso, vocês sabem, não é um Congresso eleito pela periferia. O Congresso tem ajudado o governo, o governo aprovou quase tudo o que o governo queria, mas a extrema-direita tem muita força ainda. É uma batalha que tem que ser feita também pelo povo”, declarou o petista.
Uma fala para inglês ver e incitar a militância. Há uma distância abissal entre o que um político fala e o que ele pensa. Lula sabe que a anistia a Jair Bolsonaro teria o potencial de alavancar a sua própria candidatura presidencial, tida hoje – em circunstâncias normais de temperatura e pressão – como natimorta.
Medo de anistia é aliada de Lula
O eleitor, e costumo reiterar isso em O Antagonista, é movido por dois sentimentos: esperança e medo. Há muito, o governo Lula não consegue mais nutrir esperança nos brasileiros. A gestão Lula 3 é um museu de grandes novidades. Em quase três anos de gestão, Lula não conseguiu imprimir uma marca para chamar de sua. Nada revolucionário. Nada de impacto.
Muito pelo contrário. Lula colecionou desgastes ao longo desse terceiro mandato: crise do Pix, taxa das blusinhas, falas polêmicas, gafes da primeira-dama, Janja, e por aí vai. Na balança eleitoral, os erros se sobrepõem aos acertos. As principais pesquisas apontam justamente para essa direção.
Sem nutrir esperança no eleitor, caberia a Lula nutrir… o medo. O medo de um golpe, um medo de uma tomada de poder à força, o medo de uma virada de mesa. E eis que entra Jair Bolsonaro. Com Bolsonaro eventualmente livre para concorrer em 2026, Lula teria seu antagonista e poderia, novamente, reeditar o discurso batido de que ele é o verdadeiro defensor da democracia brasileira.
Agora a pergunta que fica é: o eleitor brasileiro assinaria, novamente, um cheque em branco para Lula mesmo sob um eventual risco Bolsonaro?
Por o antagonista