Segundo Duarte, o problema começou em 2016, durante o governo Michel Temer, quando alterações promovidas pela reforma Trabalhista, como o fim da obrigatoriedade do desconto sindical, abriram brechas que permitiram a consolidação do sistema de descontos indevidos.
Por: Felipe Klamt
28 de Setembro de 2025.
O deputado federal Duarte Júnior (PSB-MA), vice-presidente da CPMI do INSS, alertou que as fraudes envolvendo empréstimos consignados podem superar em até 16 vezes o rombo de R$ 6,3 bilhões já identificado nas aposentadorias e pensões. Em entrevista ao colunista político, Felipe Klamt, no Programa Palpite, da Rádio do Jornal Imparcial, ele explicou que o esquema dos descontos associativos expõe uma rede de vulnerabilidade ainda mais grave no sistema financeiro, atingindo principalmente idosos e pessoas de baixa renda.
Segundo Duarte, o problema começou em 2016, durante o governo Michel Temer, quando alterações promovidas pela reforma Trabalhista, como o fim da obrigatoriedade do desconto sindical, abriram brechas que permitiram a consolidação do sistema de descontos indevidos. O esquema atravessou todo o governo Bolsonaro e começou a ser investigado em profundidade agora, na gestão do presidente Lula. “É um problema estruturado, que se perpetuou por diferentes governos e precisa ser enfrentado com medidas concretas e imediatas para proteger aposentados e pensionistas”, afirmou.
Duarte defende mudanças legislativas para prevenir novos abusos, incluindo a proibição de descontos associativos e a exigência de assinatura presencial em contratos de empréstimo consignado, dificultando fraudes futuras. “Muitas vezes o aposentado recebe uma ligação, é induzido a fornecer dados e quando percebe já tem desconto em folha. Isso mostra que estamos diante de uma bomba-relógio”, alertou.
Além disso, o parlamentar destacou que a condução dos trabalhos da CPMI é essencial para o sucesso das investigações. Cada depoimento exige uma abordagem específica: alguns participantes têm formação técnica e podem ser questionados de forma direta, enquanto outros demandam mais sensibilidade para que informações importantes não se percam. “Como diz o ditado, não se pega galinha dizendo ‘Xô!’ É preciso paciência, estratégia e atenção para extrair o máximo de informações relevantes de cada depoente. Se formos agressivos ou descuidados, podemos perder dados cruciais sobre o esquema”, explicou.