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Ignorado pelo PT na CLDF, Ricardo Cappelli (PSB) ficou sem voz na reunião do Novo PAC com Rui Costa, revelando a rejeição petista e a disputa interna da esquerda no DF
O pré-candidato ao governo do Distrito Federal, Ricardo Cappelli (PSB), foi ignorado pelo PT na reunião realizada na tarde desta terça-feira (1), na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), que contou com a presença do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa.
O encontro, conduzido pelo deputado petista Chico Vigilante, discutiu os investimentos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que prevê aplicar R$ 13 bilhões, (ninguém sabe quando) em ações estruturantes para o Distrito Federal.
Cappelli não teve direito a fala e nem foi convidado a participar da bancada de discussão.
Ele teve o nome mencionado apenas pelo presidente da CLDF, Wellington Luiz (MDB), que o chamou de “meu amigo”.
O rejeitado Cappelli, que deveria estar neste mesmo momento trabalhando na Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), empresa que ele é o presidente, revela o tamanho das brigalhadas internas entre dois partidos de esquerda (PSB e PT) no Distrito Federal que disputam o poder.
Nos últimos meses, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem incentivando a candidatura de Cappelli ao Buriti, para atender às pressões do ministro do STF, Flávio Dino, que, de forma escancarada, utiliza a toga para fazer política.
Cappelli foi secretário de Comunicação do governo Dino no Maranhão e também trabalhou com ele no Ministério da Justiça.
Outro fato que pesa contra a legenda local é que o PT do DF não tem contribuído para ajudar Lula a sair da zona de rebaixamento popular no Distrito Federal.
São tantos os motivos que estão levando Luiz Inácio Lula da Silva à bancarrota política na capital federal.
O mais novo deles foi o aumento abusivo nas tarifas de ônibus do Entorno do DF, autorizado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
O reajuste feito pelo governo Lula afetou diretamente a população de baixa renda, que depende exclusivamente do transporte coletivo como meio de locomoção.
Mesmo desprestigiados pelo Planalto, oligarcas petistas do DF rejeitam apoiar “candidaturas forasteiras”, como a de Cappelli.
Nem mesmo Leandro Grass, que encabeçou a federação PV/PT/PCdoB em 2022, consegue furar a boia petista, apesar de ter deixado o PV para se filiar ao partido de Lula.
Grass, que recebeu o apelido pejorativo de “cabrito novo” por não estar alinhado a nenhuma corrente, enfrenta isolamento político.
O encontro na CLDF, com a presença do ministro Rui Costa, foi visto como a última oportunidade oferecida por Lula ao PT local para atrair a atenção do brasiliense com os recursos do Novo PAC e tentar emplacar um projeto que ainda não saiu do papel.
*Toni Duarte é jornalista e editor/chefe o Radar-DF, com experiência em análises de tendências políticas e comportamento social da capital federal. Siga o #radarDF